quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Do baú (11)

As redes sociais criaram um tipo estranho de relação entre as pessoas: quem delas participa não está só, mas também não está acompanhado.
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O Facebook é um micromundo. Como tal, reflete a realidade do espírito humano, que oscila entre a comiseração e o despeito. Muitos que curtem não leem, e muitos que leem não curtem. Felizmente existem as boas exceções, que fazem as duas coisas.
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Frequentemente sou assediado na internet por dois tipos de pessoa. O que quer me converter e o que quer me perverter. Resisto com igual ênfase aos dois por fidelidade tanto ao livre pensamento (o maior bem do homem) quando à minha identidade sexual (o maior bem da minha mulher).
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A política é a única atividade para a qual a pessoa não precisa se formar. Exerce sem diploma, como outros fazem bicos. Você conhece algum parlamentar formado em ciência política? Quem tem esse título geralmente não participa do jogo partidário e quando o faz se dá mal. É que para esse jogo a habilidade exigida é outra e dispensa a chancela de um diploma. Atenção, isto não tem nada a ver com a possibilidade de um analfabeto chegar à presidência da República. O problema, bem postas as coisas, não está no grau de instrução; está na competência e na seriedade de propósitos, que na maior parte das vezes estão associadas a um saber.
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Segundo o cristianismo, o preço do pecado é a morte. Se não tivesse pecado, por meio de Adão, o homem seria eterno. Como os outros animais também morrem, das duas uma: ou eles também pecaram, ou são vítimas de uma tremenda injustiça divina.
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Por meio do casamento, escolhemos não apenas quem será a mãe dos nossos filhos ou com quem vamos dividir as dificuldades do dia a dia. Escolhemos também com quem vamos envelhecer. E se o destino do envelhecimento é a morte, pelo casamento decidimos com quem vamos morrer. Esse é o grande teste para o amor. Amar quem nos gratifica é fácil, pois atende à cota de egoísmo presente em cada ser humano. Difícil é amar quem dá trabalho e tem pouca, ou nenhuma, capacidade de retribuição.
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Para o artista, a eternidade está no próprio ato de criar. É por esse ato que ele vive a transcendência da sua arte. Caso ela “fique”, ficará para os outros. O artista, enquanto homem, não sentirá o benefício da glória. Já o momento de fazer é tão-somente dele. 

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